Seja Servo e não Coronel
- Seminário Teológico Ibetel
- há 3 dias
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QUEM GOVERNA SEJA COMO QUEM SERVE
LC.22.26; MC.10.45; MT.20,28
Por Pr. Luis Artur[1]
Int.
Estes textos são na verdade uma utopia em nossos dias, pois para o homem pós-moderno a ideia de servir nada tem a ver com aquilo que Cristo deixou claro nestes Textos, nio presente século quem serve de forma eficaz é aquele que serve como dominador.
E como podemos governar como quem serve?
Cristo deixou isto claro nos Textos em questão para servir bem é necessário que tenhamos a consciência de servo e não de dominador.
Em uma sociedade como a nossa dominada pela ideia de super homem[2] de Friedrich Nietzsche a virtude da humildade não tem lugar para esse homem que tem que superar a si mesmo em uma síntese hegeliana para alcançar esse ideal existencial.
O que temos diante de nós um desafio de superarmos estes conceitos humanos e entendermos a partir da linguagem bíblica o que governar como servo uma vez que estamos inseridos neste contexto sociológico e sofremos influências deste meio existencial.
Portanto para responder à pergunta proposta neste estudo vamos nos valer do apostolo Paulo que oferece uma resposta contundente sobre como governa como servo.
Para nossa analise vamos usar o Texto de Fp.2 onde ele mostra qual é o padrão que deve ser estabelecido dentro da comunidade de fé para vivermos e servir a Cristo, vamos pegar essas qualidades que ele coloca como padrão de comunhão entre os irmãos e vamos especificar para nós líderes para respondermos a pergunta do tema em análise.
II – Analise do Texto
No vr.1 Paulo coloca duas condições necessária para servir: - participação no Espirito, pois é o Espirito Santo que nos capacita para governar como servo, - entranháveis afetos.
Para que haja sentimento sinceros da parte do obreiro é necessário que este seja cheio do Espirito Santo.
No vr.2 o apostolo usa um conjunto de palavras para exemplificar a unidade da igreja, vejamos:
- ... tenhais o mesmo amor;
- ... tenhais o mesmo animo;
- ... sintais a mesma coisa.
Paulo ensina com estas palavras que se o obreiro for movido por esses sentimentos ele vai viver para um só proposito comunitário, ou seja, vai governar como servo buscando o bem estar do povo.
Estas disposições é antídoto contra o sentimento vazio que Paulo vai trabalhar no vr.3, vejamos quais são:
- ... contenda, ou briga, egoísmo;
O obreiro que é brigão ele é movido por egoísmo[3], pois deseja aquilo que não pode ter e que não tem capacidade para ter.
- ... vanglória, vaidade pessoal, louvor vazio, aquele que é movido por este sentimento orgulhoso sempre busca o lugar do outro e sempre despreza o outro e coisifica o outro como um objeto para ser usado e não servido que é a proposta Cristocêntrica.
- ..., mas por humildade, aqui está a nossa dificuldade, pois viver de forma humilde não é fácil para ninguém, vejamos os conceitos de humildade e chegaremos a esta conclusão:
- humildade[4] é abrir mão de seu direito para beneficiar outro;
- Reconhecimento da insuficiência pessoal, e da poderosa suficiência de Deus.
Essa é uma das virtudes mais difíceis dos líderes desenvolverem, pois mexe com o ego e a ideia de superioridade, mas o evangelho sempre confronta essa gana por poder que habita em todos nós, sempre buscamos um destaca naquilo que fazemos e sempre queremos ser os melhores, mas aqui os melhores líderes são aqueles que servem como servo e não como chefe.
Agora Paulo nos tira de nós mesmos no vr.4 quando diz que temos que considerar como nosso objetivo no serviço olhar para o outro atentando para os alvos do outro e ter a responsabilidade de ajuda-lo.
Para exemplificar tudo que Paulo falou até agora ele pega um antigo hino cristão que tem como alvo o que Cristo fez para nos salvar e já nos remete para que façamos o mesmo se quisermos ter êxito no trabalho cristão.
No vr.5 Paulo chama a nossa atenção pelo uso do verbo tendes, ou seja, ter a mesma disposição que houve em Cristo, ou seja, tenham a mesma atitude que Cristo teve para servir.
Cabe aqui uma pergunta para introduzir os versos seguintes. Qual foi a disposição ou atitude que Cristo teve para nos Salvar?
1° Ele não se agarrou a sua forma de Deus, vr.6 e voluntariamente deixou por um momento sua glória para se tornar um de nós, Jo.17.5.
... subsistindo em forma de Deus, esta expressão indica aquilo que Cristo é em sua essência, ele não abriu mão de Ser Deus, até porque isto é algo impossível, mas ele deixou sua glória por um momento histórico.
Paulo deixa claro que no Ser essencial de Cristo que é inalterável e imutável e alienável não mudou para isso ele usa a palavra forma que indica a natureza essencial.
não julgou como usurpação o ser igual a Deus, com este vocábulo em destaque Paulo mostra que Cristo não reteve egoisticamente ser Deus para não vir a terra par salvar a humanidade.
... Cristo não usou a Sua igualdade com Deus como desculpa para autoafirmação, ou autopromoção; ao contrário, Ele a usou como ocasião para renunciar a todas as vantagens ou privilégios que a divindade lhe proporcionava, como oportunidade para auto empobrecimento e auto sacrifício sem reservas[5].
2° Ele se esvaziou, vr.7 , (Is.53.12), este verbo tem o sentido de tirar algo de um recipiente até que fique vazio, para entendermos este texto façamos uma analogia do rei que para andar entre seus súditos sem ser reconhecido tira suas vestes reais, é exatamente isto que Cristo fez se despiu do seu poder para vir a terra como homem e todo seu ministério foi realizado não no seu próprio poder como Deus, mas no poder do Espirito Santo, lc.4.1, 13.
Veja Paulo prossegue na descrição mostrando que ele veio na ... forma de servo ... semelhantes aos homens.
3° Ele andou em humilhação e obediência até a morte na cruz, vr.8
Vale ressaltar que não existe obediência verdadeira se não nos esvaziarmos do nosso ego que nos impede de nos prostrar para servir a uma outra vontade.
Em todo este processo de Cristo para nos salvar foi um abrir mão de sua glória um caminho que para nós seres humanos é extremamente difícil o caminho da renúncia queremos até servir, mas não queremos renunciar nada principalmente a nós mesmos.
William Hendriksen[6] sumariza este caminho da renúncia da seguinte forma:
- Ele renunciou Sua relação favorável à lei divina, 2°Co.5.1;
- Ele renunciou às Suas riquezas, 2°Co.8.9;
- Ele renunciou à Sua glória celestial, Jo.17.5;
- Ele renunciou ao livre exercício de Sua autoridade, Jo.5.30;
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Conclusão
Quando olhamos para estes Textos e seus correlatos vemos como a nossa tarefa é sublime e extremamente satisfatória, pois estamos liderando por graça e misericórdia de Deus que nos escolhemos e nos colocou sobre o seu povo.
Nossa consciência para servir deve ser de servo e não de dominador, muitos hoje estão liderando com uma consciência pervertida pelo presente século cujo o deus deste século cega os entendimentos de muitos para que se coloquem como donos do povo de Deus.
Deus não nos chamou para ser dominadores, mas servos lideres, veja que coloquei exatamente na ordem certa aluz do evangelho, quem não consegue servir nunca será um líder de fato será um Saul a vida toda e terá sua liderança tirada, pois Deus não aceita dominadores sobre seu povo. O único dominador é o nosso Deus.
Lembre-se disso e faça o seu trabalho como servo em nome de Jesus.
[1] 11987270377, redes sociais: Insta. @luisarturcandido, Face. e Yutube, Luis Artur Candido.
[2] Diante de tamanho querer, Friedrich Nietzsche (1844-1900) propôs o “super-homem” como proposta para a superação do homem a partir de uma força oriunda do próprio indivíduo por se encontrar nele mesmo, a fim de transvalorar dicotomias, erros e preconceitos que negavam a existência.
[3]“a natureza daqueles que não podem erguer seus olhos para coisas mais elevadas, Fp.3.19”
[4] Humildade (do latim humilitas) é a virtude que consiste em conhecer as suas próprias limitações e fraquezas e agir de acordo com essa consciência. Refere-se à qualidade daqueles que não tentam se projetar sobre as outras pessoas, nem mostrar ser superior a elas. A Humildade é considerada pela maioria das pessoas como a virtude que dá o sentimento exato do nosso bom senso ao nos avaliarmos em relação às outras pessoas.
[5] LOPES, Hernandes Dias, Filipenses – A alegria triunfante no meio das provas, Vida, São Paulo, 2007, pg.125
[6] Ibidem.
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